2 de novembro de 2008

Amigo: um tesouro



Amigo fiel é escudo, guardião de nossa alma.
 O autor sagrado eleva-o a um nível altíssimo quando atribui-lhe o epíteto de tesouro. A Palavra de Deus diz: "Amigo fiel é poderosa proteção: que o encontrou, encontrou um tesouro." Eclo 6,14. Interessante que o termo tesouro deriva do latim thesaurus que significa também armazenamento ou repositório.  Assim sendo, amigo de verdade, é aquele que serve de repositório, lugar onde armazenamos nossa confiança, sentimento, afeto, até mesmo nossa própria vida. Não à toa, a bíblia assemelha a amizade a um tesouro, pois não é fácil encontrar um tesouro, do mesmo modo um amigo, embora, vivamos na era da comunicação.

 Nunca na história ouviu-se notícias de tantos relacionamentos oriundos dos meios de comunicação, proporcionado pela técnica atual. Novas amizades são feitas a todo instante no mundo inteiro, através das redes sociais, chats, e sites de relacionamento, apesar disto a solidão é crescente no meio urbano.
De um ponto de vista ocorreu uma evolução célere neste sentido, com a globalização. Entretanto, os laços de amizades sofrem, cada vez mais, em sua qualidade, com a fragilidade, desconfiança, amizades de interesses, entre tantos modelos contemporâneos. Portanto, o escritor sagrado não nos fala deste tipo de amizade, todavia, não podemos descartar todas as amizades procedentes destes relacionamentos virtuais, pois, já é uma realidade vivenciada pelas novas gerações e talvez no amanhã seja uma regra.  

Conseguintemente, nossas amizades devem ser bem selecionadas; bijuterias podem até enganar, mas um dia pedem seu brilho efêmero, diferente dos tesouros, das jóias raras que nunca perdem essa beleza. Precisam de um polimento, um ajustamento, é verdade, porém permanecem verdadeiras e, com brilho eterno. Com efeito, os tesouros se encontrados, nos enriquecem, então isso serve como um excelente termômetro para medir nossos relacionamentos. Será que essa amizade está me enriquecendo, fazendo de mim uma pessoa melhor, enobrecendo minha vida? São questões a serem levantadas acerca de nossas amizades.

Caso o amigo seja fiel, entenderá o que, já na antiguidade clássica, Aristóteles dizia, "entre a amizade e a verdade, eu prefiro a verdade." Intuímos, pois, que a verdade liberta e, o amigo sincero o sabe. Ele fala coisas desagradáveis, a nosso ver, em nossa frente, enquanto o inimigo fala-a por trás. Contudo, seu ombro será um refúgio, suas palavras acalento para alma e sua presença um bálsamo. Porém, quando oportuno, a correção virá, nos corrigirá baseado na confiança depositada em sua pessoa. Daí que provém nossa proteção, deste escudo protetor da amizade, que vela por nossa alma.

 Este guardião possui o dom de nos acolher da maneira que somos, ele não espera que sejamos perfeitos, mas tão somente amigo. Conhece nossas fraquezas e limitações, mesmo assim abriga-nos sem preconceitos, ou seja, com o amigo podemos pensar em voz alta, e continuarmos a tê-lo. O tempo lapidará o ouro da amizade, e somente o tempo poderá dizer se nossa amizade é um tesouro enriquecedor, ou uma bijuteria ornada com aparência bela, porém, imbuída de falsidade que nos deixa vulneráveis.

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