O Brasil vive um momento histórico em
sua democracia como a muito não se via. Jovens, em sua maioria universitária,
tomam as ruas do Brasil protestando contra a má administração do governo, a
inflação, a corrupção, a impunidade, os altos gastos na Copa, etc. Muitas são
as reivindicações dos brasileiros acerca da política no país, porém o estopim
para a eclosão dos protestos foi o aumento da passagem do precário transporte
público.
Contudo, uma das coisas que mais chama atenção é que o movimento
juvenil, que a cada protesto atrai novos adeptos, é APARTIDÁRIO, ou seja, não
há interferência de IDEOLOGIAS de partidos políticos, sobretudo daqueles
extremistas e oportunistas. Assim os protestos seguem sendo genuinamente
populares. E torçamos para que assim continue, sem bandeiras, com objetivos
comuns a todos, e principalmente com propostas bem definidas e que sejam no
mínimo praticáveis.
Os jovens católicos não estão
desautorizados a participar pacificamente destes protestos, dando testemunhos
da verdade e da justiça, já que estão inseridos na sociedade e é seu dever agir
ativamente na política do país. Quando esta não condiz com os anseios justos da
sociedade, a Igreja nos orienta a lutar por nossos direitos: “Quando a
autoridade pública, excedendo os limites da própria competência, oprimir os
cidadãos, estes não se recusem às exigências objetivas do bem comum; mas é-lhes
lícito, dentro dos limites definidos pela lei natural e pelo Evangelho,
defender os seus próprios direitos e os dos seus concidadãos contra o abuso
dessa autoridade” (Gaudium ets pes, 74 ). Tudo isso é óbvio,
dentro da lei que rege o Estado Brasileiro. Sejamos justos e pacíficos, que não
tenha violência e vandalismo, muito menos oportunismo ideológico ou político,
por fim com prévia autorização das autoridades públicas, data e local pré-definidos
para que haja ordem.
Para reforçar este impulso, dias
atrás o Papa
Francisco convocou os leigos
a assumirem uma postura diferente na política: “Envolver-se na Política é uma obrigação para um cristão. Os leigos
cristãos devem trabalhar na política. A Política está muito suja, mas eu
pergunto: 'está suja por quê?' Porque os cristãos não se envolveram nela com
espírito evangélico? É fácil dizer que a culpa é dos outros... Mas eu, o que
faço? Isto é um dever! Trabalhar pelo bem comum é um dever Cristão.” Esses protestos são atos políticos, embora sejam
apartidários, por isso a presença da juventude católica, acima de tudo, deve
ser marcada pela coerência a respeito dos objetivos do protesto, não podemos
ser mais um no meio da massa, mas alguém que faça diferença, alguém que seja “sal
da Terra” como diz o
Evangelho, e saiba claramente pelo que se está lutando, sem esquecer que nosso
ideal é Jesus Cristo, e somente através da santidade ocorrerá uma revolução na
face da Terra... Além disso, se deve propor soluções para os problemas
efetivamente, pois não concordar com a corrupção, ninguém concorda, contudo,
quais são as sugestões que podemos propor para que se puna os corruptos? Qual
nosso engajamento político? Votamos conscientemente? Acompanhamos a vida
política dos candidatos em que votamos? Vamos aproveitar esta nova consciência
para exigirmos das escolas e universidades grupos de discussão para esclarecer
a juventude sobre a política e inserir os jovens no contexto político, agora é
hora!
É tempo oportuno para a renovação de
consciência política; o tempo é propício para a metanoia, ou seja,
transformação de nossas mentes, por isso, não nos deixemos enganar pelos IDEAIS MARXISTAS, anarquistas e
pela mídia manipuladora, que forma cidadãos inertes e cômodos. Sejamos jovens
inteligentes, que saibam usar o bom senso e aguçar a visão crítica, ler mais e
repetir menos, jovens que olhem as duas “faces da moedas” antes mesmo de
julgar, que forme a consciência baseado na Doutrina Social da Igreja. Vejo
muitos jovens “papagaios” repetindo insistentemente as notícias das
grandes mídias, sem ao menos uma análise crítica da matéria...
Enfim, São Paulo nos adverte: “Não
vos amoldeis às estruturas deste mundo, mas transformai-vos pela renovação da
mente”, acredito que além da visão
espiritual, claramente explícita neste trecho, haja um cunho político, de
transformação da sociedade, para que ela seja mais justa, que seus
representantes sejam honestos e priorizem o bem comum da população. Não se
amoldar a este mundo é lutar para que todos tenham uma vida digna, lutar para
que a vida humana seja preservada desde a concepção até a morte natural. Também
para que as pessoas tenham o pão de cada dia, salários dignos, lazer e cultura,
tenham tolerância religiosa assegurada pelo Estado, e que os marginalizados sejam
inseridos na sociedade de modo que se sintam dignos cidadãos. Não sejamos
ingênuos a ponto de acreditar que viveremos num país sem problemas, isso é
ilusão, mas poderemos, a partir destas manifestações, começar a construir uma
grande civilização do amor.
Se o gigante despertou, que seu café da manhã seja regado pela justiça, paz e esperança de um novo amanhã!
Graça e Paz, xP.
Rodrigo Stankevicz
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