20 de junho de 2013

O gigante despertou

       


       O Brasil vive um momento histórico em sua democracia como a muito não se via. Jovens, em sua maioria universitária, tomam as ruas do Brasil protestando contra a má administração do governo, a inflação, a corrupção, a impunidade, os altos gastos na Copa, etc. Muitas são as reivindicações dos brasileiros acerca da política no país, porém o estopim para a eclosão dos protestos foi o aumento da passagem do precário transporte público.
Contudo, uma das coisas que mais chama atenção é que o movimento juvenil, que a cada protesto atrai novos adeptos, é APARTIDÁRIO, ou seja, não há interferência de IDEOLOGIAS de partidos políticos, sobretudo daqueles extremistas e oportunistas. Assim os protestos seguem sendo genuinamente populares. E torçamos para que assim continue, sem bandeiras, com objetivos comuns a todos, e principalmente com propostas bem definidas e que sejam no mínimo praticáveis.

       Os jovens católicos não estão desautorizados a participar pacificamente destes protestos, dando testemunhos da verdade e da justiça, já que estão inseridos na sociedade e é seu dever agir ativamente na política do país. Quando esta não condiz com os anseios justos da sociedade, a Igreja nos orienta a lutar por nossos direitos: “Quando a autoridade pública, excedendo os limites da própria competência, oprimir os cidadãos, estes não se recusem às exigências objetivas do bem comum; mas é-lhes lícito, dentro dos limites definidos pela lei natural e pelo Evangelho, defender os seus próprios direitos e os dos seus concidadãos contra o abuso dessa autoridade” (Gaudium ets pes, 74 ).  Tudo isso é óbvio, dentro da lei que rege o Estado Brasileiro. Sejamos justos e pacíficos, que não tenha violência e vandalismo, muito menos oportunismo ideológico ou político, por fim com prévia autorização das autoridades públicas, data e local pré-definidos para que haja ordem.

        Para reforçar este impulso, dias atrás o Papa Francisco convocou os leigos a assumirem uma postura diferente na política: “Envolver-se na Política é uma obrigação para um cristão. Os leigos cristãos devem trabalhar na política. A Política está muito suja, mas eu pergunto: 'está suja por quê?' Porque os cristãos não se envolveram nela com espírito evangélico? É fácil dizer que a culpa é dos outros... Mas eu, o que faço? Isto é um dever! Trabalhar pelo bem comum é um dever Cristão.”  Esses protestos são atos políticos, embora sejam apartidários, por isso a presença da juventude católica, acima de tudo, deve ser marcada pela coerência a respeito dos objetivos do protesto, não podemos ser mais um no meio da massa, mas alguém que faça diferença, alguém que seja “sal da Terra” como diz o Evangelho, e saiba claramente pelo que se está lutando, sem esquecer que nosso ideal é Jesus Cristo, e somente através da santidade ocorrerá uma revolução na face da Terra... Além disso, se deve propor soluções para os problemas efetivamente, pois não concordar com a corrupção, ninguém concorda, contudo, quais são as sugestões que podemos propor para que se puna os corruptos? Qual nosso engajamento político? Votamos conscientemente? Acompanhamos a vida política dos candidatos em que votamos? Vamos aproveitar esta nova consciência para exigirmos das escolas e universidades grupos de discussão para esclarecer a juventude sobre a política e inserir os jovens no contexto político, agora é hora!

        É tempo oportuno para a renovação de consciência política; o tempo é propício para a metanoia, ou seja, transformação de nossas mentes, por isso, não nos deixemos enganar pelos IDEAIS MARXISTAS, anarquistas e pela mídia manipuladora, que forma cidadãos inertes e cômodos. Sejamos jovens inteligentes, que saibam usar o bom senso e aguçar a visão crítica, ler mais e repetir menos, jovens que olhem as duas “faces da moedas” antes mesmo de julgar, que forme a consciência baseado na Doutrina Social da Igreja. Vejo muitos jovens “papagaios” repetindo  insistentemente as notícias das grandes mídias, sem ao menos uma análise crítica da matéria...

Enfim, São Paulo nos adverte: “Não vos amoldeis às estruturas deste mundo, mas transformai-vos pela renovação da mente”, acredito que além da visão espiritual, claramente explícita neste trecho, haja um cunho político, de transformação da sociedade, para que ela seja mais justa, que seus representantes sejam honestos e priorizem o bem comum da população. Não se amoldar a este mundo é lutar para que todos tenham uma vida digna, lutar para que a vida humana seja preservada desde a concepção até a morte natural. Também para que as pessoas tenham o pão de cada dia, salários dignos, lazer e cultura, tenham tolerância religiosa assegurada pelo Estado, e que os marginalizados sejam inseridos na sociedade de modo que se sintam dignos cidadãos. Não sejamos ingênuos a ponto de acreditar que viveremos num país sem problemas, isso é ilusão, mas poderemos, a partir destas manifestações, começar a construir uma grande civilização do amor.

Se o gigante despertou, que seu café da manhã seja regado pela justiça, paz e esperança de um novo amanhã!

Graça e Paz, xP.


Rodrigo Stankevicz

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