7 de outubro de 2012

Desejos desordenados


     

        Após a reifeição, Lúcio, pai de Manoel, vai ao banheiro escovar seus poucos dentes, que lhe restam. Estava um pouco apressado, pois desejava acompanhar a partida de futebol de seu time na Fox Sports. Abre de qualquer maneira a gaveta do gabinete no banheiro, e pega o primeiro tubo de pasta dental, que encontrou pela frente. Embora na embalagem estivesse escrito somente creme em destaque, passou uma quantidade significativa na escova e colocou-se a escovar os dentes.
O gosto estava estranho demais, foi um sacrifício escovar os dentes, a única vantagem daquela pasta, era que a língua não ardia, porém parecia que ele estava comendo uma banana verde, o gosta era horrível, dava impressão que a boca amarrava por dentro. Lúcio enxaguou a boca, mais vezes do que de costume, devido a nova qualidade de creme dental "bozzano". Pensou consigo: "Pela gosto da pasta é deveras de boa!"
Lúcio saiu apressadamente do banheiro em direção a sala de estar. Manoel percebeu que seu pai estava com uma expressão um pouco estranha e perguntou: "Pai, aconteceu alguma coisa? Emendou, com uma risadinha: "O carré do almoço já fez efeito?"
Lúcio respondeu: "Que nada filho, o almoço estava uma delícia. Sua pasta de dente que tem um gosto forte, deve ser da boa..."
Lamentou Manoel, sem entender: "Desculpe pai, estamos sem pasta de dente, o que tem no banheiro é creme de barbear..."

                                                                            *****  

O ditado popular sabiamente nos ensina: "a pressa é inimiga da perfeição". Além da pressa, traiçoeira ao nos tirar a atenção do objetivo, acaba por nos induzir ao erro, ao final sobra a imperfeição. Também surgiu nesta estória o confronto entre o desejo e a necessidade.
Diversas vezes colocamos o desejo na frente da necessidade, o que nos atrapalha muito, pois o desejo é insaciável, provoca em nós um prazer momentâneo, porém, nosso coração minutos depois deseja mais, então vivemos pelos instintos esquecendo do ser humano existente em nós, ele se torna apenas um detalhe diante da vastidão dos desejos.
        Principalmente em nosso mundo consumista, que instiga o desejo a todo momento, o desejo passa por necessidade, aí as consequências são desastrosas. No caso do Lúcio o desejo de assistir a partida de futebol, fez com que a necessidade básica de higiene se tornasse algo chato e mal feito. Pense um pouco em suas prioridade, desejos vão e vem. Minha vovó já dizia: "desejo é bom, que dá e passa..."

Graça e Paz, xP.

Rodrigo Stankevicz

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