Ouvimos constantemente dizer que sábio é alguém de idade
avançada, que vive na quietude de seu interior e só fala coisas certas para
quem o procura. Porém, é certo que nem toda pessoa de idade avançada é sábia,
mas geralmente todo sábio é alguém mais experiente. Entretanto, a sabedoria nem
sempre está ligada ao conhecimento acadêmico, se assim fosse, todo graduado
seria um sábio, e não é o que vemos por aí... a sabedoria está mais próxima daqueles que
prezam pela sapiência e cultivam cuidadosamente o jardim interior, ali semeiam,
regam e colhem os frutos que são as virtudes.
Vivemos atualmente numa era em que o exterior está em
evidência. Um exemplo claro é a obsessão pelo corpo, podemos até dizer que há
um culto pelo físico e um esquecimento do homem interior. Isso se reflete nas
academias, que tornaram-se santuários narcisistas para aqueles que buscam uma
autorrealização na forma do corpo. Com isso, muitos enaltecem as curvas do
corpo e não valorizam as curvas com
cérebro. Assim, ora o espelho é bandido, ora é o herói. Deixo claro que não sou
contra quem vai à academia para se sentir bem e buscar saúde para o corpo; o problema
sempre está no excesso. Um sábio já dizia: “a virtude está no meio”.
Penso eu, que toda pessoa deseja ser sábia. Visto que, ser
sábio significa viver bem, ser prudente, tomar as decisões corretas, dar
conselhos precisos e vencer a concupiscência, etc. Contudo, a sabedoria não se obtêm do dia para a noite ou com um passe de mágica, ela é conquistada no
cotidiano, na dedicação ao homem interior. Uma boa pergunta para ver como anda
seu “eu interior” é: quem é você quando está sozinho? Somos o mesmo que
aparentamos ser? Ou somos outra pessoa? Vale a reflexão!
O primeiro passo em direção a sabedoria é a inclinação ao homem interior, além de saber
que há um universo dentro em nós que necessita de cuidado e dedicação, pois é
em nosso interior que processamos tudo captamos através da percepção aos estímulos
que diariamente somos submetidos. Então temos como resultado de todo esse
processo interior alguns elementos que geralmente chamamos de caráter, ética, moral,
responsabilidade, respeito, convivência, etc. A partir desses elementos, percebemos a importância
da edificação do nosso homem interior. O ditador popular nos alerta: “a boca
só fala do que o coração está cheio”.
Assim sendo, não podemos aceitar a atual recusa do homem
interior, que se propaga na sociedade contemporânea, através dos meios de
comunicação de massa que apregoam o hedonismo e o “carpe diem”, essa manobra
aniquila Deus do coração homem e abre espaço para o ateísmo prático.
O homem sábio está além do tempo e da matéria, suas escolhas
são permeadas pelo transcendente, pois o homem interior permanecerá para sempre,
enquanto o exterior se corromperá com o tempo até que desapareça. A esse
respeito São Paulo nos fala: “embora o nosso físico vá se desfazendo, o nosso
homem interior vai se renovando a cada dia” (II Cor 4, 16), deste modo, viver
interiormente não significa viver para dentro, é acima de tudo manter um diálogo
consigo e mormente com Deus, ouvindo a voz da consciência e deixando-se guiar
pelo Espírito Santo que o tornará cada vez mais sábio. Pouco a pouco esse
exercício interior será corriqueiro, então o homem interior estará repleto de
sabedoria de maneira que refletirá exteriormente.
Enfim, a
oração é o alimento mais consistente do homem interior, pois o robustece e, é por
meio dela que a essência humana revela-se e o homem exterior ajusta-se a si
obtendo sabedoria, São Tiago comprova isto dizendo: “Se alguém de vós necessita
de sabedoria, peça-a a Deus [...] e ser-lhe-á dada. Mas peça-a com fé...”
(Tiago 1, 5-6). Assim aprendemos que a sabedoria se obtêm através da oração, e
esta tem por função mudar a natureza daquele que ora conforme fala o filósofo
dinamarquês Koren Kierkegaard.
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