9 de março de 2014

Valorize suas curvas





        Ouvimos constantemente dizer que sábio é alguém de idade avançada, que vive na quietude de seu interior e só fala coisas certas para quem o procura. Porém, é certo que nem toda pessoa de idade avançada é sábia, mas geralmente todo sábio é alguém mais experiente. Entretanto, a sabedoria nem sempre está ligada ao conhecimento acadêmico, se assim fosse, todo graduado seria um sábio, e não é o que vemos por aí...  a sabedoria está mais próxima daqueles que prezam pela sapiência e cultivam cuidadosamente o jardim interior, ali semeiam, regam e colhem os frutos que são as virtudes.


        Vivemos atualmente numa era em que o exterior está em evidência. Um exemplo claro é a obsessão pelo corpo, podemos até dizer que há um culto pelo físico e um esquecimento do homem interior. Isso se reflete nas academias, que tornaram-se santuários narcisistas para aqueles que buscam uma autorrealização na forma do corpo. Com isso, muitos enaltecem as curvas do corpo e  não valorizam as curvas com cérebro. Assim, ora o espelho é bandido, ora é o herói. Deixo claro que não sou contra quem vai à academia para se sentir bem e buscar saúde para o corpo; o problema sempre está no excesso. Um sábio já dizia: “a virtude está no meio”.

       Penso eu, que toda pessoa deseja ser sábia. Visto que, ser sábio significa viver bem, ser prudente, tomar as decisões corretas, dar conselhos precisos e vencer a concupiscência, etc. Contudo, a sabedoria não se obtêm do dia para a noite ou com um passe de mágica, ela é conquistada no cotidiano, na dedicação ao homem interior. Uma boa pergunta para ver como anda seu “eu interior” é: quem é você quando está sozinho? Somos o mesmo que aparentamos ser? Ou somos outra pessoa? Vale a reflexão!


        O primeiro passo em direção a sabedoria é  a inclinação ao homem interior, além de saber que há um universo dentro em nós que necessita de cuidado e dedicação, pois é em nosso interior que processamos tudo captamos através da percepção aos estímulos que diariamente somos submetidos. Então temos como resultado de todo esse processo interior alguns elementos que geralmente chamamos de caráter, ética, moral, responsabilidade, respeito, convivência, etc.  A partir desses elementos, percebemos a importância da edificação do nosso homem interior. O ditador popular nos alerta: “a boca só fala do que o coração está cheio”.


        Assim sendo, não podemos aceitar a atual recusa do homem interior, que se propaga na sociedade contemporânea, através dos meios de comunicação de massa que apregoam o hedonismo e o “carpe diem”, essa manobra aniquila Deus do coração homem e abre espaço para o ateísmo prático.

O homem sábio está além do tempo e da matéria, suas escolhas são permeadas pelo transcendente, pois o homem interior permanecerá para sempre, enquanto o exterior se corromperá com o tempo até que desapareça. A esse respeito São Paulo nos fala: “embora o nosso físico vá se desfazendo, o nosso homem interior vai se renovando a cada dia” (II Cor 4, 16), deste modo, viver interiormente não significa viver para dentro, é acima de tudo manter um diálogo consigo e mormente com Deus, ouvindo a voz da consciência e deixando-se guiar pelo Espírito Santo que o tornará cada vez mais sábio. Pouco a pouco esse exercício interior será corriqueiro, então o homem interior estará repleto de sabedoria de maneira que refletirá exteriormente.


       Enfim, a oração é o alimento mais consistente do homem interior, pois o robustece e, é por meio dela que a essência humana revela-se e o homem exterior ajusta-se a si obtendo sabedoria, São Tiago comprova isto dizendo: “Se alguém de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus [...] e ser-lhe-á dada. Mas peça-a com fé...” (Tiago 1, 5-6). Assim aprendemos que a sabedoria se obtêm através da oração, e esta tem por função mudar a natureza daquele que ora conforme fala o filósofo dinamarquês Koren Kierkegaard.

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