5 de novembro de 2008

Sentimento inscrito no coração do homem




Todo homem, sem exceção, tem em seu coração o anseio por Deus. De diversas formas tentam alcançar o absoluto, a fim de preencher o vazio existencial, que pode ser plenificado somente pelo Criador. Particularmente, os jovens que, desejosos, lutam por um bom ideal. O Catecismo da Igreja Católica, no inciso vinte e sete (27), nos ensina acerca desta realidade: ‘O desejo de Deus é um sentimento inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus. ’

Assim como a mão está para a luva, da mesma forma o homem está para Deus, e não de outro modo. Este sentimento, inerente ao ser humano, intensifica-se com as grandes questões da existência. Contudo, estas indagações filosóficas são tão profundas, que muitas pessoas acabam por desistir de aprofundar suas experiências com o sagrado, permanecendo apenas no plano superficial. Porém, é na falta de atenção, destas questões, que reside o perigo. Numa sociedade puramente capitalista e, conseqüentemente consumista, os sentimentos de vazio, de frustração, tornam-se ainda mais fortes: por um lado, o espírito não sacia-se mesmo consumindo; e por outro lado, frustra-se por ao menos conseguir consumir.
A sociedade contemporânea valoriza o que é momentâneo, com slogan “beba, coma, use, etc., e seja feliz", indicando implicitamente e, às vezes, até explicitamente "o momento", "o agora". E infelizmente, são poucas as escolas que ensinam para o senso crítico os cidadãos. Cidadãos estes, que são arrastados pelas correntezas das propagandas, das novelas, da moda. Aparentemente, achamos que o tema central deste texto foi desviado, no entanto, com uma visão perspicaz, conseguimos perceber que, tudo quanto foi mencionado tem a ver com a maneira com que procuramos a Deus.
Deste modo, não podemos negar que a mídia tem desvirtuados muitos jovens, com publicidades assediosas do ponto de vista moral; a moral que moldou a sociedade ocidental está simplesmente sendo jogada no lixo. Põem-se dois ou três formadores de opinião na frente de um veículo de comunicação em massa, e está ‘feita a cabeça’ de muitos. Estas formas, porém, de buscar o absoluto é equivocada, não bem discernida, causando o aumento do vazio interior.
Intuímos, pois, que o jovem não tem medo de entregar sua vida, tem medo sim, de uma vida sem sentido. Por esta razão que as exigências do Evangelho não os amedrontam, pelo contrário, os instigam a buscar em fontes seguras, a entrega da vida ao absoluto.
Logo, falta em nossa sociedade, propor altos ideais aos jovens. Amante da juventude, o Beato João Paulo II, os provoca com instigantes palavras: "É próprio da condição humana e, particularmente, da juventude buscar a Absoluto, o sentido e a plenitude da existência. Amados jovens, não vos contenteis com nada menos do que os mais altos ideais! Não vos deixeis desanimar por aqueles que, desiludidos da vida, se tornaram surdos aos anseios mais profundos e autênticos do seu coração. Tendes razão para não vos resignardes com diversões insípidas, modas passageiras e projetos redutivos. Se mantiverdes com ardor os vossos anelos pelo Senhor, sabereis evitar a mediocridade e o conformismo, tão espalhados na nossa sociedade."
Os adolescente e jovens necessitam desses desafios para viver, propostas como estas são motores que impulsionam o coração do jovem para Deus, fazendo-os lutar contra as correntezas de um mundo leviano, que somente pensa em sugar a jovialidade a custa do consumismo, das drogas, sexo, etc.
O grande filósofo Platão relata uma oração do seu mestre Sócrates, considerado justamente um dos fundadores do pensamento ocidental. Sócrates orava assim: "Fazei que eu seja belo por dentro. Que eu considere rico quem é sábio e que possua de dinheiro somente aquilo que o sábio possa tomar e levar. Não peço mais" (Obras I. Fedro 279c, trad. it. P. Pucci, Bari 1966). Ele queria ser, sobretudo, belo por dentro e sábio, não rico em dinheiro. É considerável, que nossa sociedade neopagã, aprenda com a Antiguidade Clássica, época propriamente pagã, que formou sábios, não menos que pilares fundamentais do pensamento ocidental.
Por conseguinte, precisa-se de sábios como Platão, Sócrates, Aristóteles, etc., na frente das telinhas da TV, com uma opinião imparcial, sem a mácula da ideologia fácil e barata disseminada nos veículos de comunicação em massa. Ainda mais, precisa-se de palavras de vida eterna, como a do Mestre Jesus Cristo; de eficientes pensadores como Agostinho, Tomás de Aquino nas redes sociais e blogs. A força destas mensagens libertam pessoas oprimidas pelo mal da época, propondo um novo estilo de vida.
Portanto, sem desvios, caminhamos para alcançar um equilíbrio espiritual, formando jovens sábios, não pela experiência herdada dos anos, mas por uma escuta apurada, capaz de transformar em atos concretos, as palavras sapienciais, dos grandes sábios. Somente assim, materializaremos, num sentido íntegro, o ensino acima citado "porque o homem foi criado por Deus e para Deus".

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