13 de outubro de 2010

Vida demorada, sadia.


Em Petrópolis
I

O absoluto silêncio se alastra pelas colinas.
No oratório lábios balbuciam preces tímidas,
Não menos poderosas, profundas de um ser entregue.
Aqui a vida caminha em cordas bambas,
Sempre continua e equilibrada.
O eco da urbe do Cristo não chega
No império da tranqüilidade.
Imperial aqui é a voz própria,
A vida por entres os montes se ajusta, se renova
Num gesto cordial de viver.
O citadino inquieta-se.
Estilo lento, degustado, sem pressa.
Descortejado, o rumor da capital cede
A elegância e o requinte do bom gosto,
Aplaudido em pé, pelo público campesino
Da vida demorada, sadia.
II
Hora do Angelus.
Do Carmelo de São José contempla-se
Majestosamente as silhuetas do arvoredo
No monte, moldando um cenário esbelto
No gris do céu indescritível.
(Esse céu vislumbro com olhos,
O céu tangível das atitudes anseio.)
O sol se despede com raios brandos,
Leva consigo a precariedade da vida,
Arraigada no fru-fru do cotidiano campesino.
A harmonia descomunal, que tem como plano
De fundo o som orquestrado pela litânia do clausto.
Querubins, Serafins, Anjos e Arcanjos unem-se
Aos louvores, a adoração em uníssono perfeito.
A santidade transmutada em hino, mergulha no
Aconchego do colo de Nossa Senhora,
Do Carmo e de tantos títulos insignes venerais.
O vento, semeador recôndito de almas que oram,
Carrega em seus ombros o louvor das flores carmelitanas,
E semeia em pétalas sobre os quatros cantos da urbe silenciosa.
Pétalas de amor, de paz, de amizade, de família.
Germinadas as pétalas em corações de terra fértil,
Um por cem, seus frutos são colhidos por todos,
Em comum, fraternalmente.
A escassez de um, sacia-se na dádiva de um
Sorrido de outrem, e assim a vida fere
Com um espetáculo do silêncio inquietante.
Recanto onde um olhar vale mais que mil palavras.
A ausência da luz soleil, é preenchida pelas centelhas
Da cordialidade, da hospitalidade, esperança e tranquilidade.
Isso por detrás das silhuetas das árvores no gris do céu descritível.
Completas.

Graça e Paz, xP.

Rodrigo Stankevicz

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